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Verba volant? Oralidade, escrita e memória

Verba volant? Oralidade, escrita e memória

Ana Paula Pinto et al., eds., Verba volant? Oralidade, escrita e memória, Humanidades 3 (Braga: Axioma - Publicações da Faculdade de Filosofia, 2018).

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Verba volant? Oralidade, escrita e memória

Type Book
Editor Ana Paula Pinto
Editor Maria José Lopes
Editor  António Melo
Editor   João Carlos Onofre Pinto
Editor   Álvaro Balsas
Rights © 2018 Aletheia - Associação Científica e Cultural
Series Humanidades
Edition 3
Place Braga
Publisher Axioma - Publicações da Faculdade de Filosofia
ISBN 9789726972983
Date 2018
Language Portuguese, Spanish, Italian and English
 Preview Preview Verba Volant
Sinopse
É inquestionável a centralidade da palavra no contexto das ciências humanas. Através da palavra, o homem distingue-se dos seres irracionais, assimila e recria o mundo, e comunica(-se) pessoalmente entre iguais. A palavra apresenta-se, pois, como o espelho mais fiel do humano, a um tempo segredo e desvelamento, que permite ao homem abandonar-se ao outro e avizinhar-se do absoluto e do sublime.
Desde as origens da Literatura Ocidental, articularam-se duas mundividências distintas e complementares, por um lado, o mythos, e, por outro, o logos, de alguma forma veiculadas respectivamente através da poesia e da prosa. A Grécia Antiga, berço da civilização ocidental, foi a fonte primordial de ambas: primeiro, surgiu a poesia, ágrafa, de transmissão oral, que apresentava à memória os exemplos universais e a intuição mítica das origens; depois, na senda da fixação escrita, surgiu a prosa, mais propícia à reflexão lógica, com potencialidades quase infinitas na grande revolução do racionalismo ático. A memória, na base da poesia oral, constituía em simultâneo um mecanismo de criação e de recriação colectiva; a escrita inaugurou, depois, um momento antropológico integrador, que veio corrigir o processo falível de transmissão oral e oferecer um produto individualizado, na imutabilidade duradoura da letra gravada.
O debate sobre a oralidade ou o carácter escrito das primeiras obras da Grécia Antiga é o mais generalizado de todos os que ocorrem em torno da literariedade. O florescimento extraordinário da reflexão filosófica na Atenas clássica revelou-se ambivalente; enquanto se potenciou a importância obsessiva da palavra, sobretudo escrita, também se evidenciaram os seus perigos. Ésquilo lembrou, no Prometeu Agrilhoado (459 sqq.), como a escrita, permitindo aos homens conservarem a memória de todas as coisas, foi uma das dádivas que os libertou da escravidão e os aproximou da divindade. No entanto, Platão, reagindo ao vício relativista dos sofistas de separar a palavra da verdade, apontou no Fedro (Sobre a Beleza) a escrita como uma ameaça à memória, ao evocar a fábula mítica egípcia da sua invenção: «Ela [a escrita] tornará os homens mais esquecidos, pois que, sabendo escrever, deixarão de exercitar a memória, confiando apenas nas escrituras [...]» (275a).
Capturada pelo fascínio do mundo grego, Roma foi acima de tudo a transmissora desse legado ambivalente. Durante séculos, cultura literária foi sinónimo de imitação e adaptação dos modelos clássicos: quando o Renascimento correspondeu ao esforço de revocare ad fontes, a obsessão pela palavra genuína, deturpada por séculos de alegada escuridão, culminou em fenómenos como o do ciceronianismo; também até ao Romantismo o peso dos modelos quase sempre superou o valor do ingenium. A palavra das línguas nacionais passou depois a ser vista como a mais autêntica representação da identidade dos novos povos, sem, todavia, perder de vista a herança clássica, nomeadamente na sua busca da beleza.
Por seu lado, as Religiões — desde as suas formas mais ancestrais até aos grandes monoteísmos — articulam extraordinariamente bem a palavra, a oralidade e a escrita, através dos seus mitos, oráculos/profecias, livros sagrados e rituais. Bastará recordar que, no judeo-cristianismo, Deus cria todas as coisas pronunciando a sua Palavra (Dabar/Logos/Verbum); Palavra que chama Abraão a uma nova terra e a uma Aliança; Aliança antiga que, para os cristãos, será suplantada pela Nova Aliança, em Jesus Cristo: «Et Verbum caro factum est»: «A Palavra fez-Se carne». A Palavra é agora Boa Notícia (Evangelho) que salva, e deverá ser levada ao mundo inteiro. Anunciar, oralmente ou por escrito, fazer memória e actualizar o mistério, seja pela relação com Deus, seja com o próximo — «ouvir a Palavra de Deus e pô-la em prática» — eis a síntese do Cristianismo.
Também na especulação filosófica a palavra ocupa um lugar central, desde os seus inícios helénicos. Perscrutar racionalmente o ser das coisas significa dizer (légein) o logos que elas encerram. As discussões sobre a (im)possibilidade de acesso à verdade e de a dizer atravessarão os séculos até ao presente. O último século conheceu, relativamente aos temas da oralidade, da escrita e da memória, importantes desenvolvimentos, com notáveis contributos de quase todos os grandes pensadores e correntes filosóficas, desde a fenomenologia ao existencialismo, da hermenêutica à filosofia analítica, do estruturalismo ao pós-modernismo. Bastará relembrar algumas das noções e temas que conheceram grande divulgação: relação e distinção «langue-parole» (F. de Saussure), «giro linguístico» (L. Wittgenstein), «círculo hermenêutico» (H.-G. Gadamer), «teoria dos actos de fala» (J.L. Austin e J. Searle), «racionalidade comunicativa» (J. Habermas), «(meta-)narrativas» (J.-F. Lyotard) e «arqui-escrita» (J. Derrida). Além dos nomes citados, importa ainda mencionar: M. Heidegger, R. Barthes, E. Benveniste, J. Jakobson, P. Ricoeur e U. Eco.
No mundo das Artes, o fio de continuidade entre «as palavras e as coisas» (Foucault) está hoje sob suspeita, ameaçado pela sedução estética da imagem. A (i)legibilidade do mundo pós-moderno decorre cada vez mais das imagens que se erguem dos destroços das palavras, e das palavras destroçadas. A imagem virtual afirma-se como novo alimento da significação e da experiência, do desejo e do prazer — de uma racionalidade estética, bifurcada não pelos ancestrais mythos e logos, mas pelos múltiplos sentires (Perniola). É dela enfim, quase «última palavra» (Thomas Nagel), que se aguarda agora a redenção.
# of Pages 1054
Date Added 19/09/2018, 18:00:02
Modified 02/10/2018, 10:13:20
Contents

Lo svolgimento apocalittico e l´ultima parola dell´uomo

Kurt Appel 

 

O poder da língua: uma marca social

Cláudia Abuchaim 

Ana Lúcia Magalhães 

Sandra Maria Farias       

 

El Greco of Toledo – the power of the image in the two former paintings of the Guerra Junqueiro collection

Jorge de Novaes Bastos               

 

“(Manu)scripta manent”: o topos do manuscrito encontrado na ficção de Camilo Castelo Branco

João Paulo Braga             

 

Agostinho e as palavras

Roque Cabral, SJ             

 

O oral e o escrito no contexto judiciário

Conceição Carapinha    

 

O papel da memória e da morte em Les rêveries du promeneur solitaire, de Jean-Jacques Rousseau

Natália Pedroni Carminatti        

 

A persistência do Passado na memória do Presente nos romances vergilianos

Ana Maria Seiça Paiva de Carvalho         

 

Na ausência de “ortografia”: representação grafemática dos sons vocálicos no scriptorium alcobacense

Maria José Carvalho      

 

Gostar das palavras divinas e do que ali se trata: as celebrações litúrgicas pós tridentinas nos conventos femininos de beneditinas e cistercienses

Antónia Fialho Conde 

Elisa Lessa          

 

Oralidade na avaliação de proficiência em português-língua estrangeira

Regina Lúcia Péret Dell´Isola     

 

Bernardo Soares: a escrita dos devires como ficção da memória

Arturo Diaz        

 

Mythos, Logos e Mysterion: três mundividências distintas de o homem configurar a realidade e se abeirar de Deus

Samuel Dimas 

 

Dois jornais de Belas-Artes do século XIX em Portugal

Eduardo Duarte               

 

Sermão de São Gonçalo do Padre António Vieira e as Cartas a Lucílio de Séneca

Mário Garcia, SJ              

 

La lengua de la filosofía

Miguel García-Baró       

 

Linguagem e psicoterapia: Uma ilustração a partir da terapia narrativa

Armanda Gonçalves      

 

A fala, a palavra e o discurso:  um estudo sobre a linguagem em Sartre

Luiza Helena Hilgert     

 

Da posse à existência em português: contributos do esquema construccional [[SN suj] [SV haver] [SN od] [SLOC]] em textos portugueses dos séculos XI e XII

Joana Jacinto    

 

El recinto del poema. Reflexión sobre la ejecución pública del texto poético

Alicia Merino Labrador                

 

A interação entre texto e imagem no livro ilustrado

Suzana Rafaela Leite     

 

Forsan et haec olim meminisse juvabit” (Aen., I, 203): A Filha do Doutor Negrocomo exemplo de catarse e projecção do presente na ficção camiliana

Maria José Ferreira Lopes           

 

Imagen de las palabras. La alegoría de la Retórica

Santiago López Moreda               

 

Memória e argumentação no discurso do júri

Ana Lúcia Magalhães 

Cláudia Abuchaim Oliveira         

 

Os Sentidos no Texto: Aspectos Retóricos no Discurso Político

Ana Lúcia Magalhães 

Elizabeth Cieri 

Sandra Farias    

 

Rescrever leis – Resoluções Teojurísticas de António Cordeiro, S.J.

Armando Magalhães     

 

Oralidade e memória, características identitárias da pedagogia dos Jesuítas

António Maria Martins Melo    

 

Persuasão e representações da memória em reencenações de lendas marianenses

William Augusto Menezes         

 

A palavra poética e o logos da filosofia. Leitura crítica da proposta de Mikel Dufrenne

Carlos Bizarro Morais    

 

A escrita íntima florbeliana: literatura e memória femininas

Michelle Vasconcelos Oliveira do Nascimento 

 

Algumas considerações teóricas sobre as “epístolas vesuvianas” de Plínio o Jovem (VI, 16 e VI, 20) e sua relação com a Eneida

João Angelo Oliva Neto               

 

Estruturas não assertivas do português brasileiro: uma possível fusão entre formas do indicativo e formas do subjuntivo

Eunice Nicolau 

 

A imagem, o mito e a palavra: a arte no reverso do código

Ana Nolasco      

 

Boca bilingue – A dupla face da poética de Ruy Belo

Silvana Maria Pessoa de Oliveira            

 

A construção discursiva da demência em gêneros judiciários dos séculos XVIII e XIX

Maysa de Pádua Teixeira Paulinelli       

 

O poder sempiterno das palavras no Portugal de Seiscentos: Notas ao De Ensalmis(1620) de Manuel do Vale de Moura

João Miguel Oliveira Peixe        

 

Duas notas sobre tempo e memória na obra de Cabrita Reis (década de 1990)

José Carlos Francisco Pereira    

 

Registar/nessa memória/ao contrário”: escrita e memória em “Estalactite”, de Carlos de Oliveira

Patrícia Resende Pereira             

 

Perdidos no imaginário. Análise de uma narrativa mitopoética

Simone Petrella              

 

Per memoriam sui, per laudes ac memoriam uirtutum eius: recordação e louvor de Germânico nos Annales de Tácito

Maria Cristina Pimentel              

 

Homero e as palavras aladas

Ana Paula Pinto               

 

Discurso oratório: entre o oral e o escrito

Manuel Ramos                

 

Pela palavra se integra. Pela palavra se exclui. Pela palavra se evolui. Contributos para uma educação intercultural e ética

Carmen Reste  

 

O vazio e o espaço: a plenitude da luz

Ana Lau Ribeiro 

Jorge de Novaes Bastos               

 

Verba volant, scripta manent: o que é dito e o que fica escrito do discurso parlamentar (aspectos sintácticos)

Maria Raquel Ribeiro 

Maria do Céu Fonseca  

 

Letras modernas para textos clássicos: a expressão bodoniana na memória tipográfica

Sofia Leal Rodrigues      

 

«A cena do ódio» de Almada Negreiros: corpo, imagem e texto

Filomena Serra                

 

Legenda Beati Petri Gundisalvi como monumento: reflexões sobre a construção da memória escrita

Andréia Cristina Lopes Frazão da Silva  

 

Ut pictura poesis ou a Marquesa de la Solana entre Francisco de Goya e Fernando Echevarría

João Amadeu Oliveira Carvalho da Silva              

 

De Viris Illustribus de Ildefonso de Toledo: reflexões sobre a construção da memória episcopal e a proposição de perfis modelares

Leila Rodrigues da Silva               

 

O ruído do passado: memória e ruínas em A Casa Eterna de Hélia Correia

Sandra Sousa    

 

Lábia e Tarifa de embarque: a poética transgressora de Waly Salomão

Antonio Brito de Souza Junior  

 

Platão e João Guimarães Rosa: entrelaçando oralidade, escrita, mito e memória

Suzi Frankl Sperber        

 

A diferença sexual no contexto da teoria da arte – a caminho de uma subjectividade discursiva nómada

Joana Tomé       

 

A memória na pintura ou a felicidade da cegueira

Carlos Vidal       

 

Quando o silêncio se torna palavra

Susana Vilas Boas           

 

Lutero: Palavra, Memória, e Imagem

Artur Villares 

Isabel Bastos    

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