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O livre arbítrio

O livre arbítrio

S. Agostinho, Tradução do original latino por António Soares Pinheiro (3ª ed.), 272 págs., 1998

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9726971063

[...] O livre arbítrio de que se trata nesta obra não é uma faculdade do espírito, à semelhança da inteligência ou da vontade. Também rigorosamente se não identifica com a liberdade moral ou psicológica como tal. A questão debatida é se os actos da vontade são ou não livres. Hoje somos levados a identificar o livre arbítrio com a liberdade racional, considerada em si mesma, ou até com uma faculdade peculiar, origem dos actos livres. Mas para chegarmos a estas concepções tiveram de decorrer séculos. Só no Escolasticismo medieval se vieram a pôr, e a ser defendidas ou impugnadas tais questões. Ao longo delas, estabilizou-se a noção de livre arbítrio, tornando-se este sinónimo de liberdade racional, independentemente do dinamismo psicológico que o possa explicar.

Para Agostinho, porém, livre arbítrio significa o acto de livre decisão ou opção. E assim, o mesmo título deste diálogo, em vez de livre arbítrio, seria com mais fidelidade o de livre decisão. Entretanto, mesmo neste sentido o uso da locução não era comum, no tempo de Agostinho. Certamente por isso ele a usa com relativa sobriedade, substituindo-a por fórmulas como: «está em nosso poder», «depende de nós». Eram essas as dicções clássicas, de que se servia a filosofia grega e romana, à falta de um termo único e simples que expressasse a ideia de liberdade psicológica. Essas fórmulas, que nos parecerão bastante genéricas e imprecisas, substituí-las-íasmos nós hoje muito simplesmente pelos termos livre e liberdade.  É o que na antiguidade não podiam fazer os filósofos gregos, e na sua esteira os romanos, para os quais o termo liberdade não tinha sentido psicológico, mas político e social. Livre ou independente era a não que não estava sujeita a outra; era-o a pessoa que não estava submetida à escravatura. O sentido psicológico e moral de liberdade, deve-o a filosofia principalmente ao Cristianismo, que à liberdade jurídica e social sobrepôs a da consciência, situando nesta o último fundamento das outras. Para isso vai contribuir decisivamente este diálogo de Agostinho, que no entanto, para ser compreendido pelos seus contemporâneos, não podia deixar de recorrer às fórmulas clássicas, como repetidamente faz.

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