Idade Média: Tempo do Mundo, Tempo dos Homens, Tempo de Deus
José António de C. R. de Souza (Org.), 536 págs., 2006
José António de C. R. de Souza (Org.), 536 págs., 2006
Uma abundante literatura atual, não apenas a de teor estritamente filosófico, parece alimentar-se de uma nostalgia da época medieval. Geralmente, estes fenômenos acontecem em momentos de alguma perturbação cultural e quando se perde o sentido da historicidade, que estabeleceria uma equilibrada dinâmica entre o passado, o presente e o futuro. Um certo entusiasmo com a Idade Média mistura-se com alguma decepção perante os ideais da modernidade. No entanto, a chamada pós-modernidade ainda não apresentou argumentos suficientes para se autonomizar como quinto período, depois da modernidade, que ocuparia a quarta posição na seqüência temporal. Por outro lado, o regresso à Idade Média, saltando por cima da Idade Moderna, é um manifesto artifício, até porque, atendendo às questões equacionadas pela filosofia moderna, esta bem pode ser encarada no seguimento da especulação medieval de marca cristã. Não obstante o entusiasmo da Renascença e do Humanismo para com a Antiguidade, é legítimo aproximar o estilo moderno da filosofia mais da Idade Média do que do pensamento antigo, embora se vá acentuando, globalmente, o horizontalismo da ciência, em desfavor do verticalismo metafísico medieval.