De Re Erasmiana. Aspectos do Erasmismo na Cultura Portuguesa do Século XVI

Quando, há anos, coligíamos documentos para o Chartularium Universitatis Portugalensis (±1288-1537), veio-nos à ideia publicar os pareceres, existentes no Archivo Histórico Nacional, de Madrid, dos três Mestres portugueses presentes na Assembleia de Valladolid.

Posteriormente, o processo ali arquivado foi incluído no Cartulário de la Universidad de Salamanca (vol. VI, Salamanca, 1973).

Mantendo a ideia inicial, alargámos o âmbito do trabalho abrindo-lhe perspectivas mais amplas, a fim de analisarmos, o mais objectivamente possível, a acção de D. João III no «processo Erasmo».

Assim, estudámos as relações entre o Monarca e o Teólogo, quer através dos documentos, quer de actos praticados ou a eles atribuídos, e do testemunho de seus contemporâneos.

Procurámos conhecer todas as edições portuguesas de obras de Erasmos no século XVI e ver quem as fomentou e qual o motivo por que se publicam. Comparámos esse movimento editorial com a realidade espanhola.

Complementarmente, averiguámos se as edições portuguesas de obras de Erasmos eram em latim ou traduções e em que língua. E ficamos a saber, ainda, se elas foram devidas a acção de nacionais ou de estrangeiros.

Por outro lado indagámos se a integração do erasmismo na Cultura Portuguesa, em alguns aspectos, se processou mediante influência directa, isto é, de Erasmo para os Portugueses, ou se foi indirecta, quer dizer, se proveio de uma via espanhola.

Por fim,, através de documentos conhecidos dos Index librorum prohibitorum e dos Rol de livros proibidos ficámos a conhecer qual a posição que D. João III tomou em relação às obras de Erasmo e subsequentemente que atitude adoptou a Inquisição Portuguesa.

Em relação aos quatro temas tratados neste estudo, cremos ter reunido e analisado toda a documentação existente. A fim de evitar perdas de tempo a futuros estudiosos destes assuntos, transcrevemo-la e publicamos grande parte em reprodução fotográfica.