A Concepção de Etnologia em António Jorge Dias

Esta é a nossa maneira de fazer a leitura das obras e das ideias de Jorge Dias: partindo da sua actividade como etnólogo (primeira parte) e fundamentados na análise das suas obras principais (segunda parte) ler todos os seus escritos de modo a compreender e demonstrar a sua importância para o pensamento português contemporâneo (terceira parte) — que ficaria incompleto sem a obra de um etnólogo da vanguarda de Jorge Dias. É portanto uma leitura que não se dirige particularmente aos etnólogos, mas àqueles que têm como profissão, de humanista ou de filósofo — estudar o pensamento português. O que vamos fazer é analisar um etnólogo por meios e com propósitos da Filosofia, e mostrar assim não só um campo próprio para aplicação do treinamento filosófico — uma tarefa para a prática da Filosofia Aplicada — mas também a contribuição da Etnologia para o Pensamento Português.

Queremo que a Filosofia capte o Jorge Dias etnólogo, não o Jorge Dias filósofo, que sabemos que existia; onde os assuntos estiverem dispersos, mostraremos a coerência que os une; onde a argumentação estiver mal definida, vamos expor a sua lógica interna; salietaremos a orientação que presidiu à recolha dos factos relatados; evidenciaremos, sempre que possível, a sistematização subjacente, sem pressupor na mente do Autor teorias e organizações de conceitos que ele não tinha, nem queria; apenas vamos transpor as suas ideias para uma outra linguagem, e explicitar aquilo que ele mesmo teria certamente dito, noutras circunstâncias ou perspectivas.