Uma nova concepção de sociedade

Uma nova concepção de sociedade, é aquilo que Robert Owen pretende descrever nesta obra. Mais do que uma nova interpretação de sociedade (em modelo teórico) pretende expor as características da sociedade do seu tempo, mostrar como ela pode e deve ser modificada e quais os resultados dessa modificação na prática, numa perspectiva diferente da classe média do seu tempo. De um modo não sistemático e um tanto desconexo, Owen pretende responder a uma série de questões postas pelo rápido avanço da industrialização em Inglaterra, numa altura em que a competição livre e desenfreada conduzira já a um prodigioso desenvolvimento da mecanização e a um extraordinário enriquecimento dos empresários industriais; numa altura, contudo, em que a grande maioria da população britânica vivia em condições de vida sub-humanas.

Robert Owen pretende responder ao paradoxo da civilização industrial aceitando todo o progresso trazido pela revolução industrial, mas rejeitando o sistema competitivo que dela deriva. É essa aceitação que confere toda a originalidade à sua obra. Outros antes dele, ou na sua época, foram capazes de definir as coordenadas por que se regia a nova sociedade; mas ao verificarem os tremendos paradoxos e desigualdades que a industrialização trouxera consigo, procuraram reencontrar um justo equilíbrio para a sociedade nos moldes do passado medieval, ou nos moldes idealizados duma sociedade pré-industrial da primeira metade do séc. XVIII. Robert Owen não só define a sociedade da sua época como uma sociedade de tremendas desigualdades, em que a miséria extrema atinge a grande maioria da população enquanto que um minoria enriquece na proporção inversa, mas procura também discernir as causas dessa desigualdade e da consequente alteração das relações humanas.